Título:Hércules 56
ISBN:9788537800386
Edição:1º
Editora: Jorge Zahar
Ano: 2008
Páginas: 345
Avaliação: Ótimo - uma aula sobre história da Ditatura.
Em 4 de setembro de 1969, militantes de duas organizações da esquerda armada realizaram um dos mais ousados golpes contra a ditadura militar brasileira. Em uma ação sem precedentes, seqüestraram no Rio de Janeiro o embaixador americano Charles Burke Elbrick. Exigiam, em troca do diplomata, a libertação de 15 presos políticos e a publicação de um manifesto revolucionário nos principais órgãos de imprensa. Este é o episódio de que parte o cineasta Silvio Da-Rin para propor uma reavaliação da luta armada no Brasil. Tomando como base a lista de nomes divulgada pelos idealizadores da ação - que contemplava praticamente todos os setores da esquerda -, Da-Rin realizou um documentário em que entrevista os nove sobreviventes do grupo. Promoveu ainda um reencontro histórico de responsáveis pelo planejamento e realização do seqüestro. Neste livro, o significado dessa ação armada, que muitos consideram responsável pelo endurecimento posterior da repressão militar, é discutido de forma franca por seus protagonistas. Eles contam sua trajetória anterior ao embarque no Hércules 56 da FAB que os levou para a liberdade no México, refazem o caminho que percorreram na volta ao Brasil e avaliam criticamente suas experiências.
Bom, a sinopse do livro mais parece uma resenha, mas
vamos lá, fazia um bom tempo que não lia um livro de não-ficção, e quando uma
amiga (Letícia, sua fofa) o sugeriu, comprei logo e iniciei a leitura um pouco
depois. E o resultado da leitura foi uma maior compreensão sobre a ditatura
militar e a luta contra ela.
O Livro é divido em três partes, uma
apresentação, onde o autor relata a sua experiência com a luta, o contexto
histórico da época e a repercussão do sequestro do embaixador Elbrick no Brasil
e no mundo; a segunda parte, traz entrevistas com nove pessoas que foram
libertadas em troca do embaixador; a última parte, é um reencontro com os
remanescente do grupo que planejou e executou o sequestro, sendo essa parte a
que eu mais gostei no livro.
O destaque do sequestro no Jornal do Brasil, imagem retirada daqui |
A segunda parte é extensa e um pouco
cansativa, somos apresentados a 9 dos “resgatados” e cada um fala sobre sua
formação política, expectativa para com a luta, se tinha conhecimento do
sequestro... o mais interessante dessa parte, é a pluralidade de opiniões, as
divergências entre os relatos e o significado da ação para o Brasil.
Bom, sobre o livro em si, é isso ai,
mas vou deixar um pouco minha impressão sobre a leitura e minhas reflexões
pós-término do livro ( Ah, o ócio).
Primeiramente, acredito que o tema ditadura não é abordado como deveria
nacionalmente, gente, foi um período difícil, duro, repressivo, de lutas e
mesmo com tudo isso, não temos aquele orgulho do fim, de falar abertamente
sobre o período, de louvar a democracia, de continuar com os movimentos para
melhorar o país, cadê o movimento estudantil, sindical? Cadê os músicos que
burlavam a censura e levavam mensagem
esperançosa para o país?
A famosa imagem dos prisioneiros trocados, imagem retirada do JBlog |
O livro Hércules 56 é importante por
isso, relembra aquela época, traz os militantes e estudantes para contar os
anseios de uma época dura, censurada. Se deu certo o movimento ou não, não
entra no mérito, acredito que o importante é que houve o movimento, as pessoas
acreditavam na mudança. Dito isso, vamos, a parte do país que minha reflexão
trouxe...lendo a segunda parte, é notável que muitos dos militantes, pós
assinatura da Lei da Anistia ( pretendo falar sobre ela posteriormente no
blog), iniciaram a articulação do Partido dos Trabalhadores, que contou com a
participação de alguns dos presos libertados com a ação do sequestro –
inclusive José Dirceu, que é entrevistado para o livro – e este mesmo partido
atualmente encontra-se no poder e parece que simplesmente perdeu as
características fundamentais.
Concluindo, Hércules 56 pode até não
ser a leitura ideal, mas é a leitura formadora de opinião, contadora de uma
história pouco lembrada e querida no Brasil, creio que vale o esforço de
lê-la, afinal, é conhecendo o passado,
que entendemos o presente ( clichê, sei, mas, verdadeiro).
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