Autor: John Grisham
Editora: Rocco
Ano: 2006
Páginas: 384
ISBN: 8532521223
Avaliação: Razoável - faltou metodologia por parte do autor.
Em 1971, Ron Williamson era o melhor jogador de beisebol de Oklahoma. Com personalidade forte e um talento inato para os esportes, Williamson estava em ascensão. Ao mesmo tempo em que ganhava notoriedade por belas jogadas, ficava famoso por beber demais, usar drogas e envolver-se com muitas mulheres. O comportamento, junto com um braço lesionado, acabou lhe custando a carreira. Quando voltou para sua cidade natal, Williamson havia perdido tudo. Da vida glamourosa, restavam apenas as bebedeiras, que acentuavam o comportamento maníaco-depressivo do ex-jogador. Esse círculo vicioso foi interrompido em 1982, quando um assassinato ocorreu em Ada, sua cidade-natal. A garçonete Debbie Carter foi encontrada morta. Três meses mais tarde, por razões que nem a própria polícia podia confirmar, Ron Williamson e seu amigo Dennis Fritz haviam se tornado os principais suspeitos do crime. A prisão ocorreu anos depois e um julgamento equivocado, com testemunhas que não tinham nada a dizer e delatores de dentro da própria cadeia, levou Williamson ao corredor da morte. Fritz foi condenado à prisão perpétua. Enquanto eram realizadas as investigações do caso, outra jovem, a estudante Denice Haraway desaparece. Pouco mais de um ano após o desaparecimento de Denice, novamente com a ajuda de delatores e com a produção de dois depoimentos arrancados à força dos suspeitos, o tribunal de Ada mandava mais dois homens para o corredor da morte. Neste livro, Grisham narra com detalhes os episódios ocorridos ao longo de duas décadas. O autor relata as formas de investigação empregadas pelos policiais e o tratamento dispensado aos condenados à pena de morte no estado de Oklahoma. No prólogo, mostra o quanto o Estado perde com processos indevidos.
John Grisham é um conhecido autor de thriller jurídicos, tem toda uma aura New York Times Best Author
e seus livros deram origem a diversos filmes. Eu, particulamente, gosto das
ideias dos seus livros, mas não curto muito o estilo da escrita. É aquele caso:
como escritor, John Grisham, é um ótimo roteirista.
Em O inocente, John Grisham escreve um livro de não-ficcção, relatando
as condenações injustas e no mínimo inconstitucionais de Ron Williamson e
Dennis Fritz pelo homícidio de Debbie Carter. A essência do livro é excelente,
dá uma aula sobre o sistema penal americano, analisando os pormenores do que é
considerado justiça naquela época.
Na pequena cidade de Ada, no Estado de Oklahoma, o homicído brutal de
Debbie Carter e o desaparecimento de Denice Haraway causa revolta na população
e a polícia local se sente pressionada e impelida a resolver a qualquer custo
os crime e para isso se vale de má fé, testemunhos falsos, confissões em
sonhos, opiniões de peritos equivocadas. Valendo-se desses artifícios,
conseguem a condenações: Ron Williamson a pena de morte e Dennis Fritz a prisão
perpétua.
John Grisham esmiuça o caso, apresentando as falhas de todo o sistema e
das pessoas que participaram da condenação. O nível de pesquisa de Grisham é
notável. Logo conhecemos todo o absurdo que a polícia de Ada classificou como
um caso forte contra Ron Williamson e Dennis Fritz... Ron, com um histórico de
bebedeira e excessos, vira suspeito devido ao testemunho da última pessoa vista
com a vítima( absurdo) e Dennis devido a sua amizade com Ron.
O livro tem um quê de Kafka em O processo...temos dois indivíduos são
arrastados para um julgamento baseado no “instinto” dos investigadores,
contando com uma representação falha, onde suas declarações são ignoradas ou
mal interpretadas e suas vidas interrompidas por 12 anos. Fritz lembra muito o
Josef K, ambos são vítimas do sistema e suas vidas passam a se adaptar ao fato
que são considerados culpados por algo que não conseguem entender. Admito que
ainda não tinha “digerido” muito bem o livro O processo, mas, o livro O
inocente fez com que minhas ideias ficassem mais claras.
Recomendo o livro mas com certas ressalvas sobre a escrita de John
Grisham. Em O Inocente, ele sai da sua zona de conforto – romances jurídicos –
mas leva suas principais características: apresentação um tanto confusa de
certos personagens, assim como a linearidade da história; livro contendo um
narrador onisciente, irônico e sarcástico. Por ser uma história real, esperava
que Grisham mantivesse uma postura de pesquisador digamos, sério... dá a
impressão que ele encontrou a história, gostou e moldou-a a sua fórmula de
sucesso de romances. No livro, ele diz
que levou 18 meses pesquisando sobre o caso, mas não temos uma indicação direta
das fontes; as citações são mal elaboradas e ele podia ter exposto mais o seu
material de pesquisa, Grisham somente mostra algumas fotos, pouco, se
considerarmos a quantidade de manchetes de jornais, relatórios, autos e etc.
Concluindo, achei o livro muito bom, pelo seu conteúdo, mas perde
alguns pontos para a, digamos, execução da obra (escrita de John Grisham). Parte da obra chega a agoniar o leitor pelas
injustiças sofridas pelos “réus” e pela ignorância por parte daqueles
responsáveis pela manutenção da Lei e da Ordem.
PS : Nunca mais verei Law and Order com os mesmos olhos, idem para os
júris americanos – foi a idealização formada em 12 Homens e uma Sentença.
PS 2: Olha, podia ter mudado o título do livro, remete muito aos
romances dele....faz pensar que é só mais um...Vou exemplificar alguns títulos: O
Júri, O Advogado, O sócio, A firma, O cliente A intimação.
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